Aetate nostra

Alea jacta est

quinta-feira, setembro 27, 2007

Ser "puta" fina

É tido como cientificamente provado que todos o Homem tem um sentido mais apurado que outro. Uns são os visuais, em que não lhe escapa nada à vista, outros auditivos, dai que se diga por vezes que as paredes têm ouvidos, outros o paladar, e os últimos o cheiro.

Muitos de nós conseguem facilmente identificar qual o sentido que nos sobressai. Eu ainda estou na dúvida, se há dias em que penso que é a visão, porque por vezes reparo em pormenores que nem lembra ao diabo, por outros é a audição...

Tudo isto para explicar, que não foi por falta de educação, nem por querer meter-me na vida alheia... Alias eu só estava a tomar o pequeno almoço, e sem intenção quando dei por mim era como se estivesse sentado na mesa do lado... e todos temos que concordar, que há coisas que se dizem que nos chamam logo à atenção!

Ora estava eu bem sossegadinho, a ler o meu jornal, no meu cantinho do costume no café quando, duas senhoras, muito distintas, muito finas, muito aparentemente educadas, mantinham uma conversa deverás interessante, onde a palavra "puta fina", surgia com um fluir inqualificável.

Foi aí que resolvi aceitar o convite indirecto para assistir a semelhante debate! Pois se não quisessem que ninguém ouvisse, teriam arranjando um sitio diferente ou moderado o tom de voz.

E assim, falando de uma terceira ausente, diziam as ditas senhoras: "aquilo? aquilo sim! é como as antigas, puta, mas puta fina!" rematava a outra: "Os que escolhe são os endinheirados. Parva não é de todo."

Cada vez mais interessante a conversa: "Agora anda com um construtor, paga-lhe a renda casa, leva-a a passear, e é só presentes do bom e do melhor, das melhores marcas!" indignada a amiga respondia: "E veja lá, que há tempos atrás nem para comer tinha!".

Não deixei de notar um pouco de inveja na conversa, mas continuavam assíduas e imparáveis: "Não tarda muito arranca-lhe uma casa!", "Então não vê que é isso mesmo que ela quer? O outro foi o carro, mas deu-se mal que quando ele se foi embora levou-o com ele!" E entre risinhos e piadas à conta da dita "amiga" lá se iam divertindo.

Queria poder ter gravado, mas muitas das coisas, que também a mim me fizeram sorrir tais como, "Qualquer dia não consegue andar na rua...", "O próximo será um vendedor de carros", "Vendesse por bem caro!" entre outras...

E como se já não bastasse o divertimento absurdo à conta da pobre amiga, não é que se dá o auge, o clímax da coisa! E Eis que nos chega a dita amiga! Claro está que a conversa mudou por completo, e entre banalidades e trivialidades, trocaram risos e segredos... Ora e onde se aplica o ditado: "Diz-me com quem andas e te direi quem és"?

O que de verás me fez pensar, e olhando para a dita senhora, que de todo não aparentava ser aquilo que faziam dela, foi o questão da prostituição.

Fez-me recordar os tempos académicos, em que como membro da AE, estive na organização de um conferência sobre o tema "Prostituição - a escravatura do sec. XXI" uma abordagem social e jurídica. Onde tive o prazer de conhecer a Dra. Inês Fontinha, Directora da Associação Ninho, a quem deixo os meus sinceros parabéns pela nomeação para o Prémio Nobel da paz em 2005 (Noticia no DN Online: Inês Fontinha está numa lista de candidatos ao Nobel da Paz), e com quem troquei algumas impressões.

Diz-se por ai que há dois tipos de prostituição, a de rua, e a de luxo. Ora talvez fosse mais correcto considerar três tipos.

A prostituição de rua, talvez a mais dolorosa pois é clara a situação social precária, a necessidade do dinheiro a qualquer custo, e por vezes para alimentar um vicio infame e incontrolável. Mulheres e homens movidos pelo desespero e pela falta de saída que entregam o corpo em troca de uns tostões.

A prostituição tida como de luxo, onde senhoras ou senhores vendem de forma sumptuosa e elegante, a preços por hora que arrasam qualquer ordenado mínimo nacional exactamente o que os outros.

E uma mais, aquela que é denominada por caça ao marido rico! Pois não é o mesmo? O que se troca não é igualmente os favores sexuais em troca de uma vida melhor do que a que se tem? Se uma senhora procura quem a "alimente" e para isso recorre a jogos de sedução, em que pelo menos da sua parte não se encontra qualquer vestígio de sentimento, não deverá igualmente ser considerado prostituição?

De igual modo temos aquelas, e talvez a que nos custe mais a "engolir" moralmente, que o fazem pelo juntar do "útil ao agradável". Em que têm prazer na vida que levam, enfrentam a sexualidade sem moralismos ou preconceitos, sem ligar a critérios sociais (leia-se religiosos e dos bons costumes) pré-definidos que sustentam a sociedade (não no armário, mas sim no esgoto) em que vivemos.

Ou talvez estas ultimas sejam antes consideradas devassas, desavergonhadas ou safadas, que se entregam ao prazer descarado da carne. Ou como diria a minha querida avó, "tem fogo na periquita". Na outra face da moeda, claro está, que para nós homens é muito fácil, pois ter várias parceiras sexuais é sinal de virilidade, de macho mesmo, e motivo de orgulho, mas cuidado caros companheiros, porque nos dias em que correm, acho que tanto "comemos, como somos comidos!".

Penso que ao avaliar assim a prostituição estamos bem longe do problema, pois prostituição convencional ou de luxo, onde o que muda é a diferença de preços, esconde-se uma realidade de verás assustadora, pois homens e mulheres, seres como nós, estão do outro lado, e por vezes recorrem a esta vida pelo dinheiro fácil, sujeitando-se a coisas que nem nos passa pela cabeça, em troco do que rege a vida mundial: Dinheiro.

Há vida no lado de lá, e por vezes nessas vidas o que falta é a escolha. Assim é de louvar uma grande instituição como a Associação Ninho, que embora pouco conhecida tem vindo a dar a mão a quem a ela recorre, de uma forma notável e louvável.

O mais caricato é que os grandes valores sociais e morais, só servem para censurar e criticar... pergunto-me por onde anda o grande valor que devia ser o modelo de vida de todo o bom cristão, não hipócrita, AJUDAR O PRÓXIMO...

Talvez a caracterização correcta para a prostituição seja de facto a violação consentida. E em condições assustadoras. Talvez a legalização da mesma não seja a saída, mas de verás que será uma grande ajuda.

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terça-feira, setembro 25, 2007

"Hoje, o tempo das dúvidas acabou."



Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou num discurso apelativo e coerente que está de deixar de pensar e falar sobre o assunto e passar a acção.

Mais afirma que a forma utilizada pelos governos para lidar actualmente com as mudanças climáticas definirão o legado que deixamos para as futuras gerações e a ONU é o melhor palco para discutir as acções a por em prátrica!

"Se nós não agirmos agora, o impacto das mudanças climáticas será devastador. Nós temos medidas viáveis e tecnologias para começar a enfrentar o problema agora. O que nós não temos é tempo", afirma o secretário-geral, no maior evento alguma vez realizado pelas Nações Unidas para discutir o assunto.

"Hoje, o tempo das dúvidas acabou. O painel intergovernamental da ONU sobre mudanças climáticas afirmou de forma inequívoca o aquecimento do nosso sistema climático e o associou directamente a actividades humanas."

"A acção nacional por si só é insuficiente", acrescenta, "Daí a razão para enfrentar as mudanças climáticas num contexto global, que garanta o mais alto nível de cooperação internacional exigido. Este é precisamente o tipo de desafio global que para o qual a ONU está preparada."

Com estas palavras o secretário-geral da ONU defendeu, perante líderes e delegados de 150 países, incluindo 80 chefes de Estado, que se reuniram nesta segunda-feira na sede da ONU em Nova York para discutir como combater o aquecimento global, que os países façam todo o possível para que um novo acordo global já esteja em vigência em 2012, quando expira a primeira fase do Protocolo de Kyoto.

Uma visão realista do problema e da necessidade de agir o quanto antes, afim de por um travão aos acréscimo assustador da poluição global.

Que as suas palavras não as leve o vento...

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sábado, setembro 22, 2007

Video da Semana

Daft Hands - Harder, Better, Faster, Stronger

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sexta-feira, setembro 21, 2007

Fotografia


Fotografia de Robert Capa.
Tirada em 6 de Junho de 1944 (D-Day), no primeiro "assalto" à Omaha Beach.

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Pensamento da Semana



A Sociedade é a Imagem do Homem

"O aperfeiçoamento da Humanidade depende do aperfeiçoamento de cada um dos indivíduos que a formam. Enquanto as partes não forem boas, o todo não pode ser bom. Os homens, na sua maioria, são ainda maus e é, por isso, que a sociedade enferma de tantos males. Não foi a sociedade que fez os homens; foram os homens que fizeram a sociedade.
Quando os homens se tornarem bons, a sociedade tornar-se-á boa, sejam quais forem as bases políticas e económicas em que ela assente. Dizia um bispo francês que preferia um bom muçulmano a um mau cristão. Assim deve ser. As instituições aparecem com as virtudes ou com os defeitos dos homens que as representam."

Teixeira de Pascoaes, in "A Saudade e o Saudosismo"

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O Império ASAE


Desde Janeiro de 2006 que o Livro de Reclamações, passou a ser legalmente obrigatório, e embora por tempos continuasse ausente da esmagadora maioria dos estabelecimentos, por impossibilidade da Imprensa-Nacional Casa da Moeda em dar satisfação às milhares de solicitações que lhe foram dirigidas, é de crer que hoje em dia não se admite a falta em qualquer estabelecimento aberto ao público.

Numa loucura de caça à multa a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) tem sido imparavel, e só no primeiro semestre do presente ano, foram registadas cerca de 47 mil queixas em livros de reclamações, sendo que 32 mil dizem respeito à área de intervenção da ASAE. Ora isto traduzido em valores em que as multas podem ascender a quantias de verás aliciantes, podemos pensar que se de facto o sistema estiver correcto, os cofres do estado tem vindo a agradecer.

De acordo com a Secretaria de Estado da Defesa do Consumidor, a maioria das reclamações dos consumidores estão relacionadas com os serviços prestados em restaurantes e cabeleireiros.

A ASAE, a policia fiscal do nosso amado Estado, é responsável por multar tudo e todos aqueles que não cumprirem mais que rigorosamente todo o descomunal leque de regras, normas e regulamentações, que se vislumbram em "paletes" de decretos leis, portarias e despachos, de uns não menos poucos ministérios, secretarias de estado e direcções nacionais e regionais do e uma ou outra instituição, associação ou mais qualquer coisa que alguém se digne a inventar! E a melhor parte do oficio é pois o poder de selar e fechar tudo o que não se verificar de acordo com o seu mais caprichoso agrado, ou mais aliciante ainda passar as elevadas multas, decretadas por esse mesmo poder arbitrário e discriminatório.

Uns verdadeiros Taliban's do poder económico português (ou mais uma forma de obrigar o pessoal a apertar o cinto, se é que ainda existe cintura...)!


Por tudo isso e muito mais, meus caros comerciantes, haveis de vós prevenir, pois eles andam por ai, disfarçados e sem aviso prévio, entram e como um verdadeiro furacão, arrastam tudo o que podem e o que não podem! Ora e pergunto-me eu na minha ingenuidade... quando é que se ouvirá falar na fiscalização ao funcionamento dos organismos do próprio Estado??? Escolas, cantinas, Hospitais, centros de saúde ou qui sa a própria Assembleia da Republica, esta ultima creio ser bem cuidada... não fosse o plantem VIP que a frequenta...

De interesse: Alguma legislação sobre o Famoso Livrinho: www.apcmc.pt.


quarta-feira, setembro 19, 2007

Governo Polanês contra o dia Europeu contra a pena de morte


A UE, viu-se obrigada a afastar o intuito de criar o dia Europeu contra a pena de morte, após a Polónia opor-se à iniciativa, que como todos sabemos são a favor da pena capital para os crimes mais graves (63%).

Os argumentos apresentados, se por um lado têm a sua razão de ser, por outro caíram no exagero e na forte crítica às politicas Europeias.

É tido como assente que os países da UE não têm a pena capital, pelo que este argumento, de se considerar desnecessário a celebração de algo que não nos diz propriamente respeito seria um ponto de vista com algum fundamento... ou talvez não... A luta pelo bem da humanidade não se deve centrar no que apenas nos toca. Igualmente que nem todos as pessoas tem HIV, o que não as impede de participar e lutar contra a doença... mas claro este exemplo não seria o mais correcto uma vez que directa ou indirectamente também nos afecta. Mas penso que o cerne da questão é apto para desvendar um tanto da incrédula posição assumida.

Contudo para piorar as coisas, e independentemente das opiniões pessoais, a Polónia vai mais longe do que afirmar ser inútil celebrar um dia como este uma vez que nenhum país da UE não pratica a pena capital. E acusa a UE de promover o "abordo, estilos de vida destrutivos, e a eutanásia".

Uma posição que a Polónia assume, não se limitando a manifestar a inutilidade (quanto a si) dessa celebração, como uma posição racista e discriminatória para com outros assuntos que nos dias que correm tem vindo a ganhar espaço no debate europeu.

Se quanto à eutanásia e o aborto é um assunto delicado e que gera polémica devido ao bem "vida" estar em jogo, quanto ao apelidada "estilos de vida destrutivos", que penso que todos têm consciência ao que se refere, é de facto um atentado aos direitos de escolha dos Homens.

Contudo, a presidencia da UE, nas mãos de Portugal, irá em frente na realização de uma conferência internacional de alto nível, a 9 de Outubro, em Lisboa, para promover a abolição universal da pena de morte.

Resta recordar que Portugal, foi o primeiro País a abolir a pena de morte, Sec. XIX.

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Férias Merecidas...

Ausentei-me durante uns 12 dias, numas belas férias a sul de França...

A ver se agora retorno com a mesma vontade que parti... :)