Nobel da Literatura português (ou espalhol?)
Nunca li, confesso, e pelo andar da carruagem creio que jamais perca um minuto do meu tempo como um escritor que não se priva de tecer ideais que põem em causa a nossa tão bem amada independência e sentido de nacionalidade.
"-Vive num país que pouco a pouco toma conta da economia portuguesa. Não o incomoda?
Acho que é uma situação natural.
-Qual é o futuro de Portugal nesta península?
Não vale a pena armar -me em profeta, mas acho que acabaremos por integrar-nos.
-Política, económica ou culturalmente?
Culturalmente, não, a Catalunha tem a sua própria cultura, que é ao mesmo tempo comum ao resto da Espanha, tal como a dos bascos e a galega, nós não nos converteríamos em espanhóis. Quando olhamos para a Península Ibérica o que é que vemos? Observamos um conjunto, que não está partida em bocados e que é um todo que está composto de nacionalidades, e em alguns casos de línguas diferentes, mas que tem vivido mais ou menos em paz. Integrados o que é que aconteceria? Não deixaríamos de falar português, não deixaríamos de escrever na nossa língua e certamente com dez milhões de habitantes teríamos tudo a ganhar em desenvolvimento nesse tipo de aproximação e de integração territorial, administrativa e estrutural. Quanto à queixa que tantas vezes ouço sobre a economia espanhola estar a ocupar Portugal, não me lembro de alguma vez termos reclamado de outras economias como as dos Estados Unidos ou da Inglaterra, que também ocuparam o país. Ninguém se queixou, mas como desta vez é o castelhano que vencemos em Aljubarrota que vem por aí com empresas em vez de armas...
-Seria, então, mais uma província de Espanha?
Seria isso. Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla la Mancha e tínhamos Portugal. Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria. Se Espanha ofende os nossos brios, era uma questão a negociar. O Ceilão não se chama agora Sri Lanka, muitos países da Ásia mudaram de nome e a União Soviética não passou a Federação Russa?"
Meu caro e ilustre Senhor Saramago... penso que um homem tão literato, culto, capaz de escrever obras que, segundo muitos, são verdadeiras obras de arte, creio que tenha sido de uma digamos infeliz ideia da parte de V. Ex.ª tamanha ousadia, muito mais considerar que o povo português, no qual orgulhosamente me incluo, pudesse algum dia considerar a hipótese de fazer dissipar por entre grãos de areia numa infinita praia de consumismo, o pouco do orgulho nacional e histórico que nos une.
Sou extremamente realista para com o futuro económico que nos assola, as dificuldades financeiras que cada português se depara ao fim de cada mês, o rendimento misero que cada agregado familiar dispõe, e muito mais que tanto dá que falar.
Contudo, supor que uma absorção por parte da vizinha Espanha é uma solução, penso que será menosprezar séculos de historia que com suor e vidas (grande parte delas de sangue português) se implementaram e fizeram deste país um pequeno paraíso para quem o sabe apreciar.
É caso para dizer mesmo: "Ah e tal, é uma questão de tempo. Ah e tal, seria por um futuro melhor. Ah e tal, o nível de vida despoletaria a olhos vistos"... Ah e tal??? como diria a minha avozinha, (que Deus a tenha) "Pelos Santos do Céu!". Em séculos de historia nunca passeamos sobre rosas, pontas e espinhos massacram-nos os pés a cada passo tentado, não creio que fosse agora, e acredito que nunca verei o dia chegar, em que qualquer verdadeiro português, quisesse ir pelo caminho mais fácil, neste caso, render-nos à soberania de outro País.
E diz-nos o Ex.º Sr. que não guarda magoa de Portugal? Eu respondo: Pois e eu sou o Pai Natal!
Sejamos um pouco realistas, Espanha é um país bem mais desenvolvido que o nosso pequeno grande recanto, mas não é um mar de rosas, ou será que é a tão desejada utopia onde os mares são cristalinos, os bosques de um verde ofuscante, o sol radiante, e por ai a fora... Não nego que a nível económico, principalmente para os grandes, traria enumeras vantagem... Agora que é a única solução para o nosso povo? Não será completamente uma ideia de quem está revoltado e de mal disposto com o "paizinho"?
Caro Senhor, igualmente a vós não sou profeta, mas sou Português, e acredito que o que está mal, mudado tem de ser, e principalmente, que enquanto existir um resto de lufada de ar nos meus pulmões, Portugal continuará a ser Portugal. E caro Senhor, estou certo que não sou o único!
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